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TDAH x CO-MORBIDADES

Segundo o Professor Dr Fábio Barbirato, chefe do serviço de psiquiatra infanto-juvenil, da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, as Co-morbidades em T.D.A.H. são regras e não exceções, pois 51 % dos pacientes infanto-juvenis, portadores de T.D.A.H., ao chegarem ao consultório, apresentam pelo menos mais um diagnóstico psiquiátrico. Esta afirmação é verificada também com os dados de pesquisa do Dr Biederman, que além de confirmarem este fato, mostra que em adultos a situação é mais grave, pois as co-morbidades chegam a 77 % dos pacientes que são portadores de T.D.A.H.

Queremos que entendam, que co-morbidades são outra ou outras patologias que incidem sobre o mesmo paciente, simultaneamente. Pode ser desenvolvida a partir do transtorno básica, o T.D.A.H., ou desenvolvida paralelamente a este, podendo o paciente ter uma, duas ou mais co-morbidades, com graus variados de intensidade.

As co-morbidades mais freqüentes em pacientes portadores de T.D.A.H., são: Transtorno da Ansiedade Generalizada ( 34% ), Depressão ( 20% ), Transtorno Obsessivo Compulsivo ( 11% ), Tics motores ( 11% ), Síndrome de Tourrete (6.5% ), Transtorno do Humor Bipolar ( 20% ), Transtorno Opositor Desafiador ( 40 a 60 % ), Transtorno de Conduta(50%), Transtorno de Aprendizagem (dislexia, dislalia, disfonia, disartria, discalculia, disgrafia, etc ( 10% ), Evasão Escolar ( 60 % ), Abusador de Substancias ou Dependencia Química ( 40 % ) e outros Transtornos como: Enurese Noturna, Jogador Compulsivo, Esbanjador, Comprador Compulsivo, Comer Compulsivo, Falar Compulsivo, Hipersexualidade, Gravidez Precoce, doenças Sexualmente Transmissíveis, etc.

Muitas vezes, as co-morbidades, podem ser mais graves que a própria doença básica. Como exemplo, podemos citar o caso de um paciente T.D.A.H. que apresenta como co-morbidade a dependência química à cocaína, com dificuldades sérias de adaptação social e profissional. Neste caso, a co-morbidade, que é a dependência química, passa a ser prioritária em termos de tratamento. Que deverá ser encaminhado à serviços especializados.

De certa forma, o diagnóstico do T.D.A.H.não é dos mais complexos em medicina, pois um profissional competente, conhecedor dos sintomas do T.D.A.H.e que disponibilize um bom tempo para fazer uma boa anamnese, não terá dificuldades em fazer o diagnóstico, contudo o grande problema encontra-se no diagnóstico diferencial e no diagnóstico das co-morbidades, para instituir um tratamento específico para cada caso, pois muitos pacientes diagnosticados como portadores de T.D.A.H. na realidade não são. Outras vezes, estes pacientes, devem ser submetidos ao tratamento para T.D.A.H. e suas co-morbidades, simultaneamente, caso contrário, não teremos o resultado esperado com o tratamento proposto.

Queremos aqui, alertar para um fato muito importante, que é o modelo de tratamento proposto para o T.D.A.H.e os demais transtornos neurocomportamentais. É comum nos dias atuais encontrarmos pacientes T.D.A.H., em tratamento com vários profissionais, que não só, não apresentam uma qualificação adequada para conduzir o tratamento, bem como, não estão, eticamente autorizado para tal. Deixamos bem claro, que a condução do tratamento de um paciente T.D.A.H., é da competência exclusiva de um profissional médico, onde o modelo proposto a nível internacional é o interdisciplinar, cabendo ao médico coordenar o tratamento, e só o médico poderá dar o diagnóstico, mesmo que para isto venha solicitar pareceres de profissionais de outras áreas afins, como psicólogos, fonoaudiólogos e pedagogos, bem como, só os médicos podem receitar medicamentos, para tratamento do T.D.A.H.

Outro fato importante, é que o modelo padrão ouro, internacional para o tratamento de pacientes T.D.A.H. e co-mórbidos, é aquele que tem como suporte quatro importantes pilares, que são: O ATENDIMENTO A FAMILIA, ORIENTAÇÃO À ESCOLA, TERAPIA DO PACIENTE ( COGNITIVO-COMPORTAMENTAL) E A FARMACOTERAPIA. Com estes quatro suportes no tratamento, os pacientes terão melhora satisfatória do quadro e responderão bem ao tratamento. Por tanto, um médico conhecedor do T.D.A.H., um psicólogo que trabalhe com terapia cognitivo-comportamental como técnica psicoterápica, a orientação à escola de como lidar e manejar esta criança e a orientação aos pais ou cuidadores, a maioria absoluta destes pacientes, responderão de forma adequada ao tratamento.

Quando necessário, a equipe multidisciplinar poderá ser ampliada e os profissionais inerentes à equipe, de áreas afins, poderão ser convidados para avaliar o paciente, emitindo laudos técnicos de seus pareceres, podendo inclusive ser chamado a intervir, dentro do modelo interdiciplinar, como em casos de distúrbios de aprendizagem, como: dislexia, discalculia, disartria, disfonia, dislalia, etc, o fonoaudiólogo deverá ser consultado e o paciente receberá um tratamento interdisciplinar mais amplo. Da mesma forma, caso haja falhas ou lacunas pedagógicas a serem preenchidas, o pedagogo poderá ser incluído na equipe para emissão de pareceres e participação na equipe interdisciplinar.

Freqüentemente, em nosso serviço, atendemos pacientes que estavam em tratamento para T.D.A.H. com profissional não médico, sem a intervensão interdisciplinar, como o modelo proposto nos países desenvolvidos. A maioria das vezes de forma empírica, sem uso adequado de neuroestimulantes, muitas vezes subdosados ou mesmo usando placebo, como os florais, que cientificamente não tem o menor valor no tratamento do T.D.A.H.

Com isto, podemos concluir que nenhum profissional, de forma individual, conseguirá fazer um tratamento adequado do T.D.A.H., por mais competente que seja.

Convidamos aos interessados a manterem contato com o nosso site, para serem informados sobre todas co-morbidades encontradas freqüentemente nos pacientes TDAH, em boletins editados mensalmente pelo serviço do GAETAH (Grupo de Apoio e Estudo do Transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade).

Fiquem atentos a novas informações atualizadas sobre o TDAH e a eventos sobre o assunto.

Irineu Dias
Clínica Médica
Site: www.tdah.com.br

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