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A utilidade das medidas de inteligência

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São utilizadas a escala de inteligência de adultos (WAIS) e a escala de inteligência de crianças de Weschler (WISC) são os testes mais tradicionais, mais amplamente utilizados em todo o mundo, e também os mais cientificamente comprovados dos testes existentes hoje em dia. amplamente há 50 anos, e as versões utilizadas pela Unidade de Neurologia Clínica são recentes e atualizadas. Nós utilizamos este tipo de testagem desde 1983, a adquirimos grande experiência com os testes e a equipe atual com o Programa de Cirurugia de Epilepsia do Hospital Nossa Senhora das Graças, quando os resultados da fonoaudióloga Rosana Lenzi em mais de 200 pacientes foram checados extensamente por neurologistas, neurocirurgiões, repetidos depois de cirurgias, comparados com EEGs prolongados, ressonâncias, SPECTS, etc.

Diferente de muitos outros grupos, nós utilizamos adaptações diretas do inglês, feitas sob minha supervisão por psicólogas e fonoaudiólogas que trabalham ou trabalharam na UNC. O mais comum no Brasil é que sejam utilizadas adaptações de versões em espanhol de originais americanos com mais de 30 anos. Este fato é relevante, porque uma das principais críticas que se faz a estes testes é que não seriam culturalmente adaptados, fora de uma sociedade ocidental burguesa como a americana branca ou a européia. Este fato poderia ser verdade para os testes da década de 50 ou 60, mas é notório que a sociedade americana atual é até mais multicultural que, por exemplo, a brasileira. As únicas pessoas hoje em dia que estariam fora da amplitude destes testes seriam aqueles sem uma educação escolar ocidental, por exemplo índios amazônicos ou esquimós.

A crítica que se faz a estes testes no sentido de que não incluem a inteligência emocional é verdadeira. Estes testes não se preocupam mesmo com este aspecto. Eles não ajudam a compreender se uma pessoa vai ser segura, insegura, criminosa, um santo, um predador dos negócios.

O que os testes medem é o desempenho, a performance intelectual. Tanto o de crianças quanto o de adultos dividem o intelecto em duas áreas, a verbal e a não verbal. A não verbal também é chamada de executiva, ou ainda de espacial. A capacidade verbal é a utilizada para as habilidades ligadas à linguagem, palavra escrita e falada, matemática, e grande parte do raciocínio lógico, inclusive geométrico. A capacidade não-verbal tem a ver com habilidades espaciais. O QI verbal prevê o desempenho acadêmico. O QI não verbal prevê a habilidade no campo de imagens, desenho principalmente não-geométrico, ritmo musical, dança, e grande parte dos esportes. O QI verbal mede a performance do hemisfério cerebral esquerdo. O não-verbal mede o direito. É claro que para certos tipos de desempenho não basta o intelecto, por exemplo, nos esportes é preciso a estrutura física apropriada, que é uma para hipismo e outra para lançamento de peso!

O normal nos dois testes é 100, e os limites do normal estão entre 90 e 100, ou entre 80 e 120, como queiramos definir. Com menos de 80 é difícil terminar o primeiro grau. Com 90 dá para terminar o segundo grau. Com 100 uma faculdade fácil. Com 110 uma média. Com 120 uma difícil e talvez uma pós-graduação. De 130 para cima a pessoa pode fazer o que quiser na vida, dependendo do intelecto, é claro. Ali pelos 140, 150 começam os gênios. Os 3 ou 4 maiores Qis medidos na UNC, em quase 20 anos, estiveram entre 130 e 150. Um aspecto muito interessante do QI pelos testes de Weschler é a lateralidade. Grande parte dos bons jogadores de futebol, principalmente atacantes, são canhotos. Pode-se prever que terão um QI verbal médio e um não verbal alto. O mesmo deve valer para bailarinos e músicos. O maior gênio da música popular do século XX, Paul Mc Cartney, é canhoto. Já os que vão bem de notas devem ser, em geral, destros.

Quando alguém é bom dos dois lados, como Pelé ou Bill Clinton, vai mais longe ainda. Quando testamos algumas crianças utilizamos ainda um método chamado DAP, de draw a person, no qual a criança desenha uma pessoa, e dependendo dos detalhes, pode-se prever o QI, baseado em escalas muito bem trabalhadas e comprovadas cientificamente pela Psychological Corporation, a ONG americana que controla a distribuição destes testes com mão de ferro. A UNC é credenciada pela Psychological Corporation. O DAP é especialmente útil quando a criança ainda não foi alfabetizada, pois tanto o WISC quanto o WAIS dependem de alfabetização. E assim existem outros testes que permitem uma avaliação intelectual mais grosseira mesmo de crianças pré-escolares, como o WIPSI. O nosso folheto “Projeto Saúde Intelectual” contém outras informações sobre o assunto.

Prof. Dr.Paulo R M de Bittencourt PhD, agosto de 2001

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